DORES

Rodolfo Domenico Pizzinga

aqui...
Dói ali...
Dói lá...
Dói em cima...
Dói embaixo...
Dói no meio...
Dói do lado direito...
Dói do lado esquerdo...
Dói de manhã...
Dói de tarde...
Dói de noite...
Dói de madrugada...
Dói na primavera...
Dói no verão...
Dói no outono...
Dói no inverno...
Dói nos solstícios...
Dói nos equinócios...
Se chover, dói...
Se fizer Sol, também dói...
Dói acordado...
Dói dormindo...
Dói sonhando...
Dói transando...
Dói sem transar...
Dói só de pensar em transar...
Dói quando estou alegre...
Dói rindo...
Dói quando estou triste...
Dói chorando...
Tudo dói...
Sempre dói...
Dói sempre...
E não pára de doer...
E cada vez dói mais...
Dor... Dor... Dor... É só dor...
E dói mais... Mais... Mais...
Todavia, pior do que as nossas dores pessoais,
muito pior, muito pior mesmo
– e bota muito, muito, muito pior nisso –
são as dores, as aflições,
os sofrimentos e as necessidades
da nossa Humanidade-irmã!
Mas, por que só pensamos em nós?
Por que somos tão autocentrados?
Por que somos tão egoístas?
Por que reclamamos tanto?
Por que vociferamos tanto?
Por que lamentamos tanto?
Por que choramingamos tanto?
Por que sempre nós?
Por que só nos lembramos de nós?
Por que nunca nos lembramos dos outros?
Das dores dos outros?
Das aflições dos outros?
Dos sofrimentos dos outros?
Das necessidades dos outros?

DEUS MEU, DEUS MEU, COMO ME GLORIFICASTE!