DÉCIMA QUINTA ENÉADA
(
Da Qualidade e da Forma)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Introdução e Objetivo do Texto

 

 

 

 

As Enéadas, por vezes abreviada para Enéadas (em grego clássico: ) é uma coleção de escritos do filósofo neoplatônico Plotino (nascido em Lycopolis, Egito, Império Romano, provavelmente, em 204/205, e falecido em Campânia, Império Romano, em 270), que foi editada e compilada por seu discípulo Porfírio (Tiro, na Fenícia, atual Líbano, cerca de 234 – Roma, cerca de 305), também um filósofo neoplatônico. A obra é formada por 54 tratados divididos em seis capítulos, compostos de nove partes cada um e, por isso, chamados Enéadas, pois, nove, em grego, é ennéa cujas três hipóstases (realidade permanente, concreta e fundamental), baseadas em Platão, são: Uno-Bem, Inteligência e Alma Cósmica. Este estudo que estou divulgando se compõe de uma pequena coletânea de excertos (eventualmente comentados e, em alguns casos, didaticamente adaptados) da Enéada II, Livro VI, (tradução de Juvino A. Maia), Da Qualidade e da Forma.

 

 

Da Qualidade e da Forma
(Fragmentos)

 

 

O Uno é tudo, mas, aqui, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Deste modo tudo em conjunto é no esperma, cada coisa é tudo, e não mão em separado e cabeça em separado, porém, aqui separamos uma coisa de outras coisas, sendo, assim, visagens e não coisas verdadeiras.

 

Nenhum dos sensíveis é Essência; são, apenas, impressões Dela. [Do Uno vem o múltiplo, que deixa de ser simples.]

 

A Essência tem o que é mais poderoso e o que é mais puro.

 

Conhecido O-QUE-É, cessarão as aporias. [Uma aporia é uma dificuldade ou uma dúvida racional decorrente de uma impossibilidade objetiva na obtenção de uma resposta ou uma conclusão para uma determinada indagação filosófica. As aporias foram cultivadas pelo Ceticismo Pirrônico doutrina formulada pelo pensador grego Pirro de Élis (cerca de 365 a.C – 275 a.C.) que admitia a ausência de qualquer verdade absoluta ou certeza filosófica definitiva.]

 

Pirro de Élis

 

Deve-se [eternamente] buscar primeiro.

 

A forma não é uma qualidade. [Qualidade não é forma, mas, uma cópia, um simulacro, uma imagem ou uma visagem do Arquétipo.]

 

As coisas que são de fora da Essência não são em um ponto qualidades; estão, sim, configuradas como virtudes, vícios, vergonhas, belezas, saúde etc.

 

A cor das coisas, por exemplo, não é uma qualidade, mas, uma atividade da potência, que se torna uma determinada cor, e, assim, todas as ditas qualidades das coisas são atividades que tomam certa qualidade, segundo nossa opinião, por serem todas propriedades, tal que delimitam as coisas umas em relação às outras, e têm características próprias em relação a si mesmas.

 

Ora uma imaginação...
Ora outra imaginação...
Ora uma representação...
Ora outra representação...
Ora um colorido...
Ora outro colorido...
Ora ontem...
Ora amanhã...
Ora uma qualidade...
Ora outra qualidade...
Ora adição...
Ora subtração...
Ora Fata Morgana...
Ora miragem...
Ora ilusão...
Ora uma opinião...
Ora outra opinião...
Ora delírio...
Ora fantasia...
Ora ficção...
Ora falácia...
Ora aparência...
Ora sombra...
Ora fantasma...
Ora sim...
Ora não...
Ora sonho...
Ora achismo...
Ora cousismo...
Ora idéia...
Ora (eikasia) exterioridade enganosa...
Ora (pistis) crença sem justificativa racional...
Ora (dianoia) relativo conhecimento....
Ora (noesis) relativa compreensão...
Ora concepção...
Ora prejulgamento...
Ora crítica...
Ora desejo...
Ora cobiça...
Ora paixão...
Ora um engano...
Ora outro engano...
Ora uma desrazão...
Ora outra desrazão...
Ora uma visagem...
Ora outra visagem...
Ora um imperativo hipotético...
Ora outro imperativo hipotético...
Ora um erro de percepção...
Ora outro erro de percepção...
Ora um erro de entendimento...
Ora outro erro de entendimento...
Ora uma interpretação errônea...
Ora outra interpretação errônea...
Ora uma confusão de aparência com realidade...
Ora outra confusão de aparência com realidade...
Ora uma confusão de falso com verdadeiro...
Ora outra confusão de falso com verdadeiro...
Sempre-repeteco o-que-nunca-foi...
Sempre-repeteco o-que-não-é...
Sempre-repeteco o-que-jamais-poderá-ser...
Sempre-repeteco imitação...
Sempre-repeteco separatividade...
Sempre-repeteco primeiro-eu...
Sempre-repeteco preterição...
Sempre-repeteco egoísmo...
Sempre-repeteco exclusivismo...
Sempre-repeteco vaidade...
Sempre-repeteco pretensão...
Sempre-repeteco orgulho...
Sempre-repeteco presunção...
Sempre-repeteco o outro depois...
Sempre-repeteco submissão...
Sempre-repeteco caverna...
Sempre-repeteco escuridão...
Sempre-repeteco media nox...
Sempre-repeteco deserto...
Sempre-repeteco aridez...
Sempre-repeteco prisão...
Sempre-repeteco Cruz da Experiência Mutável e Adquirida...
Sempre-repeteco Crise da Encarnação...
Sempre-repeteco movimento horário...
Sempre-repeteco vida...
Sempre-repeteco morte...
Sempre-repeteco mais uma vida...
Sempre-repeteco mais uma morte...
Sempre-repeteco dor, aflição, desespero...
Mas, pelo Bom Combate,
um Dia – Bendito Dia –
para todos, sem exceção,
,
Illuminação,
---› Nascimento ---› Batismo ---› Transfiguração ---›,
[Trans]Compreensão,
Libertação,
Ascensão,
,

Está feito. Está selado.
A.'.  U.'.  M.'.     A.'.  U.'.  M.'.     A.'.  U.'.  M.'.

 

Nada é o mesmo em si e em algo diverso, apenas decaindo de ser forma e atividade.

 

 

 

 

Música de fundo:

Medieval: Rejoicing

Fonte:

https://www.chosic.com/free-music/medieval/

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.lletresbarbares.cat/creacio/carta-de-porfirio-contra-los-difamadores-de-plotino

https://pt.wikipedia.org/wiki/Plotino

 

Direitos autorais:

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