As Enéadas, por vezes abreviada para Enéadas (em grego clássico: ) é uma coleção de escritos do filósofo neoplatônico Plotino (nascido em Lycopolis, Egito, Império Romano, provavelmente, em 204/205, e falecido em Campânia, Império Romano, em 270), que foi editada e compilada por seu discípulo Porfírio (Tiro, na Fenícia, atual Líbano, cerca de 234 – Roma, cerca de 305), também um filósofo neoplatônico. A obra é formada por 54 tratados divididos em seis capítulos, compostos de nove partes cada um e, por isso, chamados Enéadas, pois, nove, em grego, é ennéa – cujas três hipóstases (realidade permanente, concreta e fundamental), baseadas em Platão, são: Uno-Bem, Inteligência e Alma Cósmica. Este estudo que estou divulgando se compõe de uma pequena coletânea de excertos (eventualmente comentados e, em alguns casos, didaticamente adaptados) da Enéada II, Livro VIII, (tradução de Juvino A. Maia), Como mais Longe as Coisas Vistas Parecem Pequenas.

 

 

Como mais Longe as Coisas Vistas Parecem Pequenas
(Fragmentos)

 

 

As coisas distantes aparentam ser menores e as que estão perto são tão grandes como aparentam e têm tão grande o afastamento porque a luz quer ser recolhida para a visão e para a grandeza da pupila.

 

Também as vozes são diminuídas com a distância, pois, também, aí, o ouvido busca forma, e a grandeza é percebida pelo que incidiu.

 

A visão não é capaz de medir algo totalmente por partes, porque, ao tentar medir por partes, isto lhe escapa, e não tem como estabelecer, por diferença, segundo cada parte.

 

 

                        

                     

 

Achamos que vemos,
porém, vemos só o-que-não-é.

Achamos que ouvimos,
porém, ouvimos só o-que-não-é.

Achamos que sentimos,
porém, sentimos só o-que-não-é.

Achamos que saboreamos,
porém, saboremos só o-que-não-é.

Achamos que conversamos,
porém, conversamos só o-que-não-é.

Achamos que vivemos,
porém, vivemos só o-que-não-é.

Achamos que somos don sabe-tudo,
porém, sabemos só o-que-não-é.

 

 

Achamos que raciocinamos,
porém, raciocinamos só o-que-não-é.

Achamos que compreendemos,
porém, compreendemos só o-que-não-é.

Achamos que decodificamos,
porém, decodificamos só o-que-não-é.

Achamos que ganhamos,
porém, ganhamos só o-que-não-é.

Achamos que perdemos,
porém, perdemos só o-que-não-é.

Achamos que somos os maiorais,
porém, somos os maiorais só de o-que-não-é.

Achamos que somos a cereja do bolo,
porém, somos a cereja do bolo só de o-que-não-é.

Ora, tudo é uma coleção só de miragens;
tudo é uma coleção só de ilusões.

Tudo é uma coleção só de ambigüidades;
tudo é uma coleção só de ininteligibilidades.

Tudo é uma coleção só de imperativos hipotéticos;
tudo é uma coleção só de argumentos ab absurdo.

Tudo é uma coleção só de ;

tudo é uma coleção só de .

Tudo é uma coleção só de achismos;
tudo é uma coleção só de cousismos.

Tudo é uma coleção só de vidas infrutuosas;
tudo é uma coleção só de mortes inesperadas.

Tudo é uma coleção só de crendices infundadas;
tudo é uma coleção só de decisões imotivadas.

Tudo é uma coleção só de superstições decadentes;
tudo é uma coleção só de desrazões impertinentes.

Tudo é uma coleção só de egoísmos desfraternos;
tudo é uma coleção só de personalismos subalternos.

Tudo é uma coleção só de relambóias interesseiras;
tudo é uma coleção só de ardilezas grosseiras.

Tudo é uma coleção só de repetições;
tudo é uma coleção só de imitações.

Tudo é uma coleção só de desertos;
tudo é uma coleção só de cavernas.

Tudo é uma coleção só de escuridões;
tudo é uma coleção só de labirintos.

Tudo é uma coleção só de aflições;
tudo é uma coleção só de dolores.

Para nos alforriarmos de tudo isto,
teremos que lutar o .

Mas, quando nos alforriaremos, enfim?
Séculos... Milênios... Depende de nós!

Enquanto isso, as Raças-raízes se sucederão...
E nós continuaremos agrilhoados na prisão!

Enfim, de fato, o que é o ?
Trigonalmente:

 

 

Precisamos Desmantelar Esta Jaula!