A
SUPREMA REALIZAÇÃO
(1ª Parte)
Rodolfo Domenico Pizzinga
Informação Preliminar
Este estudo se constitui da 1ª parte de um conjunto de fragmentos garimpados e eventualmente comentados na obra A Suprema Realização, de autoria de Jiddu Krishnamurti, que reúne o essencial de algumas palestras realizadas pelo grande pensador, na Índia, em 1965, nas quais ele abordou temas de crucial importância como: só a mente lúcida vê o real, o poder do amor, a virtude do silêncio, uma diferente maneira de viver, vida criadora, urge que nos transformemos, morrer para o passado etc.
Breve Biografia
Jiddu Krishnamurti
Jiddu Krishnamurti (Madanapalle, 11 de maio de 1895 – Ojai, 17 de fevereiro de 1986) foi um filósofo, escritor, orador e educador indiano. Proferiu discursos que envolveram temas como revolução psicológica, meditação, conhecimento, liberdade, relações humanas, a natureza da mente, a origem do pensamento e a realização de mudanças positivas na sociedade global. Constantemente, ressaltou a necessidade de uma revolução na psique de cada ser humano, e enfatizou que tal revolução não poderia ser levada a cabo por nenhuma entidade externa seja religiosa, seja política, seja social. Uma revolução que só poderia ocorrer através do autoconhecimento, bem como da prática correta da meditação do ser-humano-aí-no-mundo liberto de toda e qualquer forma de autoridade psicológica.
O cerne dos seus ensinamentos consiste na afirmação de que a necessária e urgente mudança fundamental da sociedade só poderá acontecer através da transformação da consciência individual. A necessidade do autoconhecimento e da compreensão das influências restritivas e separativas das religiões organizadas, dos nacionalismos e de outros condicionamentos foram por ele constantemente realçadas.
Fragmentos Krishnamurtianos
Participar é escutar, com todo o nosso ser, sem tentar chegar a nenhuma conclusão.
A vida é um constante movimento de relações. E o indivíduo que está vigilante, atento a tudo o que se passa no mundo, percebe que este movimento, que é a vida, deve ser compreendido, não em um determinado nível – científico, biológico ou tradicional – porém, no nível total. Do contrário, não poderá haver participação. [Aqui, farei dois breves comentários: 1º) este tipo de Compreensão só é possível através da(s) Iniciação(ões); e 2º) mesmo assim, a Compreensão realizada, desenvolvida e percebida sempre será relativa. O que isto quer dizer? Que não há um fim em nossa Peregrinação Educativa. O processo dialético é permanente, inextinguível, interminável, ilimitado. Se, por um lado, para o Ser nunca houve começo, por outro, para o Ser nunca haverá fim.]
Compartilhar implica, não só comunicação verbal – ou seja, compreensão do significado e da natureza das palavras – mas, também, comunhão.
Comungar requer, no mesmo nível e ao mesmo tempo, um estado mental não propenso a aceitar ou a rejeitar, porém, interessado em escutar ativamente. Só então haverá possibilidade de comunhão, de estarmos em comunhão.
A comunhão – o verdadeiro ato de compartilhar – é um estado de afeição-intensidade, em que ambas as partes se encontram no mesmo nível e a um só tempo com a mesma intensidade.
O Amor só será possível no ato de compartilhar. E o Amor, por sua vez, só é possível quando, no mesmo nível e ao mesmo tempo, há aquela peculiar intensidade que dispensa a comunicação verbal. De contrário, não haverá Amor, porém, tão-só emocionalismo e sentimentalismo, coisas sem nenhum valor.
Compartilhando
(Nossa vida de cada dia consiste nesse ato de comunicar, escutar e compreender.)
Só escutando [sabendo escutar] é que se pode aprender.
Escutando
— Oh!, eu não sei
se ouvia e não escutava
ou se escutava e não ouvia!
E assim, saracoteei,
igualzinho a uma abelha-brava,
sem que a noite virasse Dia!
Não poderemos jamais escutar, se traduzirmos o que ouvimos por meio dos nossos conhecimentos. Ou seja: quando ouvimos ou escutamos alguma coisa, se traduzirmos o que está sendo dito mediante o que já sabemos, não estaremos escutando e, portanto, não haverá o ato de aprender.
— Um dia, alguém me disse:
— Não ouça com os ouvidos,
escute com o Coração.
Na minha vida,
esta foi a maior lição.
Só a mente que está permanentemente aprendendo é nova. E só uma mente nova será capaz de ver as coisas de maneira nova, com clareza, rejeitar o que é falso e perseguir o Verdadeiro.
— Estou com 99 anos.
Durante 99 anos,
aos domingos,
fui à missa,
confessei e comunguei.
Neste 99 anos,
eu nunca mudei.
Minha consolação
é que irei para o céu!
O verdadeiro e o falso não dependem de nossa opinião, daquilo que já sabemos ou da nossa experiência. A nossa experiência é meramente a continuação do velho condicionamento, modificado de várias maneiras pela educação. Por conseguinte, a nossa experiência não é o fator que indica o que é verdadeiro ou o que é falso. Tampouco é o nosso conhecimento, porquanto o verdadeiro e o falso estão constantemente a se alterar, a se mover, constantemente ativos, dinâmicos, nunca estáticos. E, se tentarmos discerni-los com nossa opinião, nosso juízo, nossa experiência e nossa tradição, nunca descobriremos, por nós mesmos, o que é verdadeiro, principalmente se estivermos sob o domínio da autoridade, ou seja, se nossa mente estiver a obedecer.
Costumamos esperar que as circunstâncias e o tempo operem as mudanças necessárias. Costumamos esperar que um milagre, um acaso, um incidente ou um acidente operem uma revolução em nossas vidas! Mas, tal espera não promove nenhuma revolução, da qual possa vir a LLuz, para pormos em ordem as coisas e organizarmos o caos. [Milagres não existem. Denominamos milagres certos acontecimentos porque desconhecemos a Lei Cósmica em ação que faz acontecer o tal milagre.]
— Ajoelhei, roguei e implorei
por uma mudança em minha vida.
Ciliciei-me, chorei e jejuei,
para que cicatrizasse a ferida.
— Pedi um milagre. Rezei. Esperei.
Esperei de dia. Esperei de noite.
Pedro, pedreiro, pedrado, acabei.
Não sumiram nem a dor nem o açoite.
— O tempo passou... Nada mudou.
Vi que quem deveria mudar era eu.
Lutei e me esforcei. Agora, Sou.
Minha LLuz Illuminou o meu breu.
— E, in Corde, meu Deus falou:
— Há milênios eu espero por você.
Mas, não termina aí o Agora, Sou;
você deve ser Eu; Eu devo ser você.
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Ninguém poderá investigar bulhufas, xongas e necas de pitibiribas se estiver amordaçado e amarrado ao que quer que seja [tradições, antigualhas, crenças, ideologias, patriotismos, ufanismos, gabinetes odiosos, golpes de Estado, punhais, negacionismos, unilateralismos, protecionismos, tarifaços, preconceitos, distorções, desvirtuamentos, manias, xenofobias etc.]. Para podermos Compreender e nos Libertar, isto é, para alcançarmos uma Liberdade independente de motivos e de revoltas, necessitaremos ter uma mente livre, sem medo, sem coisismos, sem crenças e sem manias – uma mente, enfim, que não esteja permanentemente a projetar seus próprios condicionamentos, suas próprias esperanças e seus próprios anseios. Só pela investigação poderemos descobrir, e para investigar necessitaremos ter Liberdade não calculada nem provocada. Todavia, a auto-investigação requer não só liberdade, mas, também, uma extraordinária capacidade de percepção e de visão.1
Investigar requer mente equilibrada e sã, e que, por conseguinte, não se deixe persuadir por opiniões, próprias ou alheias e, neste sentido, seja capaz de ver as coisas com toda a clareza, em cada minuto de seu movimento, de seu fluir. Investigar requer também compreensão tanto da Natureza quanto do significado do medo, porque a mente que, em qualquer de seus níveis, sente medo, é obviamente incapaz do rápido movimento que exige o ato investigar. Enfim, não é livre o espírito que está sob o peso da tradição e da autoridade. Terá que transcender a civilização e a cultura, porque só então será capaz de investigar e de descobrir a Verdade [ainda que sempre relativa]; do contrário, só terá inumeráveis teorias a respeito da Verdade. O ato de descobrir exige um espírito totalmente livre da autoridade [de qualquer tipo de autoridade] e, portanto, do medo [de qualquer tipo de medo].
Esquizofrenia
Esquizofrenia
Um ser-humano-aí-no-mundo livre é simplesmente livre. [Mas, o processo educativo do renascimento (reencarnação), em certo sentido, é uma prisão. Logo, enquanto estivermos agrilhoados à Roda do Samsara (Roda da Vida) não seremos integralmente livres. Samsara é um termo sânscrito e páli para "movimento contínuo" ou "fluxo contínuo", e, no Budismo, se refere ao decurso nascimento –› maturidade –› velhice –› decrepitude –› transição, no qual todos os seres no Unimultiverso participam e do qual só se pode escapar através da Illuminação. Portanto: Illuminação (Iniciação) –› Compreensão –› Libertação –› Ascensão –› Divinização Consciente.]
Quando aplicamos o Coração à compreensão de uma coisa, verificamos, então, um movimento muito diferente. Quando damos o nosso Coração, a comunhão é instantânea. Devemos compreender direitinho que dar o Coração é uma ação total. Dar apenas a mente é uma ação fragmentária.
Ação Fragmentária
O ser-humano-aí-no-mundo que diz “tentarei” está no caminho errado, porque o tempo não existe; só há o presente momento, o agora.
— Não é correto
pensar ou agir
em termos de
tentarei, farei, mudarei.
Por um lado,
o tempo é uma miragem;
por outro lado,
o tempo é uma ilusão.
Passado‹—›Presente‹—›Futuro = Unicidade.
Logo, é correto
pensar ou agir
em termos de
tento hoje, faço agora, mudo já.
Presente.
Se ou quando, em tudo o que fizermos, dermos-pusermos o nosso Coração, compreenderemos imediatamente, instantaneamente, sem exceção, qualquer coisa. [Compreender imediatamente, instantaneamente, sem exceção, qualquer coisa = Illuminação Iniciática.] Mas, para darmos-pormos o nosso Coração, necessitaremos de muita Compreensão, de muita Energia e de muita Clareza, para que, na LLuz desta Compreensão, possamos ver as coisas claramente, [isto é: como as coisas realmente são, e não como pensamos que são, isto é, apenas as suas sombras]. Entretanto, não poderemos ver as coisas claramente, nitidamente, se não estivermos inteiramente livres da tradição, das velharias, dos cacarecos, da autoridade, da cultura, da civilização e de todos os padrões e coisismos sociais [que nos enfiaram goela abaixo, como, por exemplo, a catequização, que foi imposta aos índios goela abaixo, e a doutrina do laissez-faire, laissez-aller, laissez-passer, que foi enfiada goela abaixo da Humanidade]. Mas, não é fugindo da sociedade, indo viver em uma montanha ou em uma caverna, virando um eremita [e celibatário] que se Compreenderá a Vida. Pelo contrário! Para podermos Compreender esse extraordinário movimento da Vida – que, concomitantemente, é relação, ação [e reação] – e o acompanharmos consciente e ilimitadamente, necessitaremos de Liberdade, e esta só virá àquele que dá sua Mente e seu Coração – seu Ser Inteiro, sem reservas. Então, Compreenderemos a Vida. Todavia, precisamos entender que nesta Compreensão não existe qualquer esforço: é um ato instantâneo [de Unificação, de Alinhamento, mas, sobretudo, de Humildade e de Serviço].
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Por que, de maneira geral, nós, seres-humanos-aí-no-mundo, nos mostramos totalmente incapazes para resolver os problemas da vida? Porque, quanto mais problemas aparecem e passam a [ilusoriamente] existir, menos sensível a eles estamos nos tornando.
Só a mente livre e lúcida é capaz de ver o verdadeiro e de afastar o falso.
Sentir é a capacidade de apreciar a curva de um ramo de árvore, de apreciar as coisas sórdidas, a lama da estrada, de ser sensível ao sofrimento de outrem, de assistir com enlevo ao crepúsculo. Sentir não é sentimento nem mera emoção. Emoção e sentimento (ou sentimentalidade) podem se converter em crueldade, e ser explorados pela sociedade, e o indivíduo sentimental, impressionável, se torna escravo da sociedade. Mas, necessitamos da capacidade de sentir intensamente; de sentir a beleza, de sentir a palavra e o silêncio entre duas palavras. Necessitamos desta capacidade de sentir, porque é ela que torna a mente altamente sensível. A Sensibilidade no mais alto grau é Inteligência, o que significa que perder Sensibilidade é perder Inteligência. [Quem destrói a Ucrânia e assassina os ucranianos perdeu a Sensibilidade e perdeu a Inteligência. Quem destrói a Faixa de Gaza e estabelece um plano de limpeza étnica na região perdeu a Sensibilidade e perdeu a Inteligência. Quem quer expulsar os palestinos gazenses do seu lar e transformar a Faixa de Gaza em uma Riviera do Oriente Médio perdeu a Sensibilidade e perdeu a Inteligência. Quem impõe um tarifoda-se protecionista, ideológico e unilateral aos países do mundo perdeu a Sensibilidade e perdeu a Inteligência. Quem constrói um gabinete do ódio, orquestra um golpe de Estado e articula uma Operação Punhal Verde-amarelo perdeu a Sensibilidade e perdeu a Inteligência. Quem defende o não julgamento e a liberdade (anistia) de golpistas e potenciais assassinos perdeu a Sensibilidade e perdeu a Inteligência. Quem se deixa influenciar/escravizar pelas vibrações negativas do atual
e não avança perdeu a Sensibilidade e perdeu a Inteligência.]
Uma coisa que precisamos entender é que nenhum dos nossos problemas (dor física, perturbação psicológica, problema econômico, contradição social etc.) existe separadamente; todo problema está em relação com outros problemas. E, assim, a mente que tenta resolver um problema isoladamente nunca o resolverá, porquanto ele se relaciona com outros problemas, tanto conscientes como inconscientes. Só a ação correta – a ação religiosa – poderá solucionar completamente todos os problemas.
Para o filósofo alemão Immanuel Kant (22 de abril de 1724 – 12 de fevereiro de 1804),
o Nobre Caminho Óctuplo BudistaNobre Caminho dos Imperativos Categóricos,
princípios éticos ou mandamentos autônomos independentes de quaisquer religiões e
de quaisquer ideologias, vale dizer, invioláveis, auto-suficientes e unimultiuniversais.
Acima, absolutamente, a expressão 'a ação religiosa' não foi empregada nem deve ser entendida no sentido religioso-fideísta comumente a ela aplicado. As religiões organizadas e as crenças organizadas são coisas sem qualquer valia; não conduzem a parte alguma nem nos trazem compreensão e clareza, nem, tampouco, conduzem o homem à Verdade. Essas crenças e religiões organizadas representam, com efeito, essencialmente, a incapacidade de o ser-humano-aí-no-mundo resolver os seus problemas diários, e, por conseguinte, ele se vê obrigado a apelar para uma certa forma de misticismo, de ritualismo, de dogmatismo, de crença etc. Dou à palavra religião um sentido totalmente diferente. Por ela entendo a capacidade de ver e de compreender um determinado problema integral e imediatamente, e de atuar com a mesma instantaneidade. E importa também compreender isto: para podermos ver uma coisa com toda a clareza, intelectual ou verbalmente, deveremos compreender a palavra e o som da palavra – o som que evoca o símbolo, a imagem, a significação, a lembrança, a reação imediata. Porque, se não compreendermos a palavra e não percebermos até que ponto somos escravos da palavra, não teremos possibilidade de descobrir o verdadeiro significado da religião. Isto porque a palavra se torna significativa quando não constitui um obstáculo, quando nos abre a porta – não em conformidade com nossas idiossincrasias, nosso caráter ou inclinações ou em conformidade com algo a que estamos vinculados. Uma palavra, afinal de contas, é um som, e, se recebermos este som como um mero conceito, como uma simples idéia ou como uma fórmula intelectual trivial, perderemos a sensibilidade ao som. E a palavra acaba se tornando mais importante do que o fato, quando toma o lugar deste.
Comunhão é um estado mental de sensibilidade, de vigilância e de observação, um estado em que a mente nem aceita nem rejeita, porém, se acha em extraordinária atividade, e é, portanto, capaz de afastar o falso e de seguir o verdadeiro. Afinal, é também isto o que significa participar —› compartilhar.
A compreensão de qualquer problema requer vigilância, atenção e equilíbrio extraordinários.
Quando pomos em movimento a nossa energia, geralmente, surgem conflitos, aflições, confusões, dores e sofrimentos. Então, apelamos para extravagâncias religiosas, para a bebida, para as mulheres, para os entretenimentos. De dezenas de maneiras desejamos fugir, e o fazemos; mas, os problemas continuam existentes – os problemas do esforço, do conflito e da contradição.
Donald John Trump
(Na atualidade, não há um líder mundial mais conflituoso e contraditório)
Vida Religiosa = Vida Sem Atrito. Mente Religiosa = Mente Sem Conflito.
Só há esforço porque estamos em contradição. Se não houvesse contradição, não haveria esforço. Devemos compreender que a mente que faz esforço é destrutiva, e, portanto, é incapaz de aprender.
Aprender é um movimento não-acumulador de relações, um perene fluir, sem jamais acumular. Só se aprende quando há movimento – um movimento constante de investigação-exploração-compreensão, sem nenhuma atividade de acumulação. E só aprenderemos quando a mente estiver de todo quieta.
Só aprenderemos escutando. Escutar é um ato silencioso, e só a mente que estiver em Silêncio, mas, ao mesmo tempo, em plena atividade, poderá aprender.
Existem sempre contradições em toda a nossa vida. Estas contradições se instalaram profundamente em nós por influência da sociedade, das nossas próprias experiências e do acervo das coisas ditas pelos santos instrutores e pelos livros sagrados.
São Patrício
(Santo Padroeiro da Irlanda)
As contradições existem porque há o fato e a opinião sobre o fato. Quando nos abeiramos de um fato com um conceito pré-formado ou preestabelecido, o fato se torna [quase] sem importância e o conceito [mais] importante. Por conseguinte, o nosso conflito aumenta a contradição 'per se'. Mas, seremos capazes de olhar um crepúsculo sem a lembrança de outras ocasiões em que assistimos a um pôr do Sol? O fato é que só poderemos olhá-lo, vê-lo completamente, quando não houver a palavra, quando não houver imagens nem símbolos. Só assim estaremos, então, em relação direta com o crepúsculo, em contato direto com o crepúsculo. Precisamos, portanto, aprender a olhar um fato [qualquer fato] sem com ele relacionarmos os nossos conhecimentos pretéritos e adquiridos, as nossas simpatias, as nossas emoções e as nossas idéias, pois, são essas idéias, opiniões e conceitos, e não o fato-em-si, que criam as contradições. Um fato-em-si jamais criará uma contradição. Enfim, a capacidade de se ocupar com o fato imediatamente sem criar nenhuma contradição é peculiar à mente que vê o todo. Só é Religiosa a mente que tem a capacidade de ver o todo de modo instantâneo. E ver é atuar; ver não é verbalizar, não é perceber intelectualmente e depois agir, pois, isto cria também uma contradição. Devemos, pois, aprender que a idéia, o ideal, a fórmula e o conceito criam a contradição, e não o fato-em-si.
Contradições Ideológicas
Contradições Ideológicas
Contradição Ideológica
Contradição Ideológica
Contradição Ideológica
Contradição Ideológica
Contradição Ideológica
Contradição Ideológica
Contradição Ideológica
Contradição Ideológica
Bota o retrato do velho outra vez,
bota no mesmo lugar.
Bota o retrato do velho outra vez,
bota no mesmo lugar.O sorriso do velhinho
faz a gente trabalhar!
O sorriso do velhinho
faz a gente trabalhar!Eu já botei o meu,
e tu, não vais botar?
Já enfeitei o meu
E tu, vais enfeitar?O sorriso do velhinho
faz a gente se animar!
O sorriso do velhinho
faz a gente se animar!
Nenhum problema poderá ser resolvido localmente. Todos os problemas só poderão ser solucionados [se puderem ser] planetariamente, isto é, 'in totum'. [Por quê? Porque Tudo + Todos = 1. Unimultiplicidade. Unimultiuniversalidade. Por isto, as divisas Make America Great Again e America First são contradições ideológicas egoístas e parciais, que, necessariamente, precisam ser corajosamente revistas e emendadas.]
Violência urbana no Rio de Janeiro.
Violência urbana no mundo.
Tráfico de drogas do Morro do Turano.
Tráfico de drogas no mundo.
Fome na África.
Fome no mundo.
Monções na Índia.
Monções no mundo.
Terremoto na República do Chile.
Terremoto no mundo.
Tufão na República das Filipinas.
Tufão no mundo.
OVNIs e alienígenas em Roswell.
OVNIs e alienígenas no mundo.
Imbróglio na Venezuela.
Imbróglio no mundo.
Aquecimento na Antártida e no Ártico.
Aquecimento no mundo.
Buraco na camada de ozônio sobre a Antártida.
Buraco na camada de ozônio no mundo.
Corrupção em Brasília.
Corrupção no mundo.
Poluição em Agbogbloshie (Gana).
Poluição no mundo.
Terrorismo na Europa.
Terrorismo no mundo.
Ditadura na República Popular Democrática da Coréia.
Ditadura no mundo.
Anexação do Tibete.
Anexação no mundo.
Pedofilia na Igreja Católica.
Pedofilia no mundo.
Neonazismo nos Estados Unidos da América.
Neonazismo no mundo.
Assassinatos seriais nos Estados Unidos da América.
Assassinatos seriais no mundo.
Ataques ao WTC nos Estados Unidos da América.
Ataques no mundo.
Atentados ao Metrô de Londres.
Atentados no mundo.
Destruição de Hiroshima e Nagasaki.
Destruição no mundo.
Suicídio coletivo no Templo do Povo.
Suicídio no mundo.
Tortura no Quênia e na Nigéria.
Tortura no mundo.
Guerra Civil na República Democrática do Congo.
Guerra no mundo.
Analfabetismo no Afeganistão.
Analfabetismo no mundo.
Tráfico de seres humanos na Argélia.
Tráfico de seres humanos no mundo.
Trabalho escravo na China.
Trabalho escravo no mundo.
Máfia na Federação Russa.
Máfia no mundo.
Refúgio fiscal no Principado do Mônaco.
Refúgio fiscal no mundo.
Mais-valia em Cruz das Almas.
Mais-valia no mundo.
Intifada na Cisjordânia.
Intifada no mundo.
Primavera Árabe na Tunísia e no Egito.
Primavera Árabe no mundo.
Tsunami no Japão.
Tsunami no mundo.
Dor em Bagdá.
Dor no mundo.
Abusos sexuais e violações de João de Deus.
Abusos sexuais e violações no mundo.
Guantanamo Bay Naval Base na República de Cuba.
Guantanamo Bay Naval Base no mundo.
'Liquidificador gigante' em Brumadinho.
'Liquidificador gigante' no mundo.
Irresponsabilidade da.
Irresponsabilidade no mundo.
As coisas não têm conseqüências isoladas;2
o que afetar um afetará tudo e todos.
Portanto, não somos responsáveis
tão-somente pelo que fazemos, mas,
também pelo que pensamos
e pelo que falamos.
Somos todos lepidópteros!
Efeito Borboleta3
Quando admitimos e aceitamos a autoridade [e a tradição], termina o investigar, termina o compartilhar, termina o aprender. [E ficamos na mesma e na mesma ficamos.]
— É 'pecado', não faça.
Não é 'pecado', faça.
É proibido, não faça.
Não é proibido, faça.
Isto é feio, não faça.
Isto é belo, faça.
Deus reprova, não faça.
Deus aprova, faça.
Não... Não... Não...
Sim... Sim... Sim...
Enquanto houver contradição entre o pensador e o pensamento haverá, necessariamente, conflito e, portanto, luta infindável. Aprender implica em olhar cada problema não como um fato isolado, porém, como um fato relacionado com outros.
— Não sei se fico ou se vou;
não sei se vou ou se fico.
Não sei se durmo ou se me levanto;
não sei se me levanto ou se durmo.
Não sei se traio ou se sincerizo;
não sei se sincerizo ou se traio.
Não sei se é cobra ou se é jacaré;
não sei se é jacaré ou se é cobra.
Não sei se é pulga ou se é areia;
não sei se é areia ou se é pulga.
Não sei se é pum ou se é perfume;
não sei se é perfume ou se é pum.
Não sei se caso ou se espero;
não sei se espero ou se caso.
Não sei se voto ou se anulo;
não sei se anulo ou se voto.
Não sei se acredito ou se descreio;
não sei se descreio ou se acredito.
Não sei se apóio ou se desapóio;
não sei se desapóio ou se apóio.
Não sei se escravizo ou se liberto;
não sei se liberto ou se escravizo.
Não sei se afago ou se torturo;
não sei se torturo ou se afago.
Não sei se gasto ou se aplico;
não sei se aplico ou se gasto.
Não sei se faço regime ou se como;
não sei se como ou se faço regime.
Não sei se danço ou se rezo;
não sei se rezo ou se danço.
Não sei se dou ou se bifo;
não sei se bifo ou se dou.
Não sei se arranco ou se planto;
não sei se planto ou se arranco.
Não sei se poluo ou se limpo;
não sei se limpo ou se poluo.
Não sei se prendo ou se liberto;
não sei se liberto ou se prendo.
Não sei se construo ou se destruo;
não sei se destruo ou se construo.
Não sei se falo ou se fico mudo;
não sei se fico mudo ou se falo.
Não sei se 'peco' ou se me confesso;
não sei se me confesso ou se 'peco'.
Não sei se me suicido ou se vivo;
não sei se vivo ou se me suicido.
Não sei se perdôo ou se inculpo;
não sei se inculpo ou se perdôo.
Não sei se é dia ou se é noite;
não sei se é noite ou se é dia.
Não sei se já fui ou se estou vivo;
não sei se estou vivo ou se já fui.
Não sei se sou lelé ou se sou normal;
não sei se sou normal ou se sou lelé.
Não sei quem fui nem quem sou;
não sei quem sou nem quem serei.
Não sei onde estive nem onde estou;
não sei onde estou nem para onde irei.
Pior do que não saber é não querer saber!
Por que uma dada coisa se torna um problema? E o que se entende por problema? A vida é um movimento contínuo de desafio e de reação. Se a reação for adequada, isto é, tão ampla, tão plena, tão potente e tão vital como o desafio, não haverá atrito; se for inadequada, então, esta insuficiência criará um problema, e este problema irá gerar conflito, luta, aflição, confusão. Por isto, particularmente quanto ao sexo, ele só se tornará um problema, se/quando o nosso ser, devido às diversas dificuldades e arduidades da vida, não tiver possibilidade de se expressar senão em uma única direção, [tornando-se, assim, uma vávula de escape].
Só poderemos nos tornar e, de fato, ser criadores se/quando não houver mais medo. Compreendamos isto bem direitinho: é o tempo [a ilusão do tempo] que gera o medo. A mente medrosa está no escuro, embotada. Com esta mente, não importa o que façamos – se freqüentamos todas as igrejas e templos do mundo, se promovemos reformas sociais, se nos exercitamos para nos tornarmos estupidamente virtuosos e respeitáveis – com esta mente não descobriremos o que é a Verdade. Só a mente livre, altamente sensível, inteligente, lúcida e inteiramente livre de quaisquer conflitos poderá compreender a Suprema Realidade, [ainda que esta compreensão seja sempre relativa, e, portanto, atualizável].
O ato de aprender é um movimento constante. O que se aprendeu se tornou conhecimento e constitui a base em que operamos. Este conhecimento, por conseguinte, atua no presente mediante o passado.
A Vida é para ser vivida, compreendida [porque só nos libertaremos se, de fato, compreendermos o que é a Vida e quem somos nós]. Temos de aprender a respeito Dela, [e este aprendizado só acontecerá in Corde]. Todavia, quando discutimos com a Vida, não estamos aprendendo bulhufas, isto é, quando vamos ao seu encontro com o nosso passado, com as nossas manias, com os nossos preconceitos, com os nossos coisismos, com os nossos condicionamentos, ou seja, com a nossa presumida cognição. Há, pois, muita diferença entre adquirir conhecimentos e o ato de aprender. Quando não acompanhamos o Movimento da Vida, estamos vivendo no passado. Ora, para compreender a Vida, é preciso aprender, a cada minuto, a seu respeito; e nunca nos avizinharemos Dela com o que já foi aprendido, isto é, com o nosso passado.
Só a mente que está aprendendo e que jamais acumula acompanha o constante fluir da Vida.
Todas as religiões são partes da sociedade, inventadas pelo homem para sua própria garantia psicológica. As religiões, organizadas como estão, se constituem de dogmas e de rituais, nelas imperando a autoridade e a divisão. O fato é que as religiões, por conseguinte, não querem que o ser-humano-aí-mundo seja livre. De fato, é necessário um certo “ajustamento”, mas, ao mesmo tempo, deverá haver liberdade. De outro modo, a vida em sociedade não terá significação nenhuma. Enfim, a menos que o ser-humano-aí-mundo seja livre, nunca terá fim seu sofrimento, sua ansiedade e sua aflição, e, portanto, nunca terá fim a deplorável pobreza da mente e do coração humanos.
Se o homem não for livre, no sentido profundo da palavra, e não no sentido de ser livre para fazer o que bem entender – que é uma maneira muito simplória e estulta de atuar – se o homem não for livre da sociedade, que lhe impôs as condições que lhe moldaram o espírito, poderá viver outros dois milhões de anos ou mais, e nunca estará livre do sofrimento, do tormento da solidão, das amarguras da vida e de todas as ansiedades que constituem sua herança humana.
Continua...
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Notas:
1. Krishnamurti sempre soube que são (ou serão) necessários milênios para que possamos de fato Compreender e, enfim, nos Libertar. Mas, o que ele não podia era ficar calado, não ensinar e deixar o barco correr. Isto seria transformar milênios em bilênios ou muito mais.
2. Sabiamente, já dizia, em 1855, o Cacique Seattle (1786 – 1866), líder das tribos Suquamish e Duwamish, em carta ao 14º Presidente dos Estados Unidos Franklin Pierce (1804 – 1869): O que será dos homens sem os animais? Se todos os animais desaparecessem, os homens morreriam de solidão espiritual. Porque tudo o que acontecer aos animais afetará os homens. Tudo está relacionado. Tudo está interconectado. Somos todos Um.
3. Resumidamente, o Efeito Borboleta é um termo que se refere à dependência sensível das condições iniciais no âmbito da Teoria do Caos. Este Efeito foi analisado pela primeira vez em 1963 pelo meteorologista, matemático e filósofo estadunidense Edward Norton Lorenz (West Haven, 23 de maio de 1917 – Cambridge, 16 de abril de 2008). Segundo a cultura popular, o bater de asas de uma simples borboleta em Maranguape poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez, provocar um tornado no Alabama. Definição matemática: um sistema dinâmico evoluindo a partir de ft indica uma dependência estreita entre as condições finais em relação às iniciais. Se for arbitrariamente separado um ponto a partir do aumento de t, sendo um ponto de qualquer M aquele que indica o estado de ft, este mostra uma sensível dependência das circunstâncias finais a partir das iniciais. Portanto, havendo, assim, no início d>0 para cada ponto 'x' em 'M', onde na vizinhança de N que contém x exista um ponto y e um tempo t, temos:
Bem, poderemos até nos abstrair da definição matemática, mas, não poderemos nos esquecer de que somos responsáveis por tudo.
Música de fundo:
Sinfonia nº 6 em Fá maior, Op. 68, "Pastorale": I. Allegro ma non troppo
Compositor: Ludwig van Beethoven
Interpretação: Yo-Yo Ma, Emanuel Ax & Leonidas KavakosFonte:
https://www.youtube.com/watch?v=qyr-IE8HmIs
Observação:
A Sinfonia nº 6 em Fá Maior, opus 68, de Ludwig van Beethoven, também chamada Sinfonia Pastoral, é uma obra musical precursora da música programática. Esta Sinfonia foi completada em 1808, e teve a sua primeira apresentação no Theater an der Wien, em 22 de dezembro de 1808. Dividida em cinco andamentos, tem por propósito descrever a sensação experimentada nos ambientes rurais. Beethoven insistia que essas obras não deveriam ser interpretadas como um quadro sonoro, mas, como uma expressão de sentimentos. É uma das mais conhecidas obras da fase romântica de Beethoven.
Páginas da Internet consultadas:
https://gifmania.com.br/index.php/2020/01/31/gif-animado-sim-ou-nao/
https://blogs.correiobraziliense.com.br/denise/a-ordem-invertida-de-bolsonaro/
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